IAB Campinas

Teatro Castro Mendes

O edifício, em seus pouco mais de 40 anos de existência na condição de teatro, sofreu diversas interdições, reformas e readequações, sempre associadas à execução de obras apressadas e pouco consistentes. Os trabalhos realizados em 1974 e em 1997, por sua vez, revelaram maior consistência, mas, mesmo assim, o edifício voltou a apresentar problemas, realizando-se um nova reforma entre os anos de 2007 e 2012. O valor conferido ao espaço, no entanto, ao não priorizar o projeto ou seus processos construtivos, mas seu uso tem reforçado os esforços de recuperação, readequação e modernização de um espaço muito caro à memória artística da cidade de Campinas.

O Teatro Castro Mendes teve origem no Cine Casablanca. As obras de adequação realizadas em 1970, motivadas para encenação da Ópera “O Guarani” em seu centenário, promoveram ampliações, a instalação de um grande plafon, a construção de vestiários provisórios e a reforma das instalações sanitárias (CONDEPACC)

Em meio à temporada (e na codição de propriedade do Município), a direção de cultura assumiu o compromisso de realizar uma nova reforma por compreender que “as modificações feitas naquele teatro para a apresentação da ópera de Carlos Gomes, tinham sido realmente precárias” (CONDEPACC).

Em princípios de 1972 e já contando com a desapropriação de três imóveis vizinhos, “os reparos começaram a ser feitos, culminando com a derrubada do palco, dos camarins e da retirada de duas fileiras de cadeiras para o começo das obras”. A reforma, entretanto, sofreu interrupção e o edifício permaneceu “com toda a sua parte dos fundos demolida”, sem cadeiras, palco e grande parte do telhado até o ano de 1974, ocasião em que, motivado pelas comemorações do bicentenário de fundação de Campinas, o prefeito Lauro Péricles Gonçalves retomou e concluiu os trabalhos. As obras foram supervisionadas pelos engenheiros Dermival B. Ribeiro e Jane de Paiva Bello, e  entregues em dezembro deste mesmo ano (CONDEPACC)

Na fala de representantes da classe teatral: “Com as melhorias recebidas em 1974, [o Teatro Castro Mendes] tornou-se agenda obrigatória no circuito das principais Produções Nacionais, sendo considerado então o quinto melhor Teatro do país. A plateia com 826 poltronas numeradas e a possibilidade de mais 200 lugares extraordinários, além de sua localização, fizeram com que o ‘Castro Mendes’ passasse a sediar não só Companhias de Teatro, mas também os principais shows musicais (…) Da produção local o ‘Castro Mendes’ foi mais que espaço cênico, abrigou por vários anos a Federação Campineira de Teatro Amador, e cedeu suas salas para os ensaios de quase todas as Produções da cidade” (Oficio da classe teatral, CONDEPACC)

As qualidades do teatro foram assim ressaltadas por representantes do segmento artístico: “No aspecto técnico, destaca-se a sua caixa cênica, a única em Campinas com fosso para orquestra, e, de profundidade e largura a dos principais Teatros (inclusive bastante superior a do Centro de Convivência), altura de boca de cena e urdimento considerado excelentes por possibilitar o movimento e troca de cenários maiores. Considere-se ainda a dimensão dos bastidores e sua facilidade de carga e descarga do material cênico e grandes cenários. É um dos poucos teatros que permite (via Sales de Oliveira) a entrada, por exemplo, de um caminhão até o centro do palco. Portal da Vila Industrial (..) tornou-se o ‘Castro Mendes’ tão importante para a Vila, como a Vila para ele” (Oficio da classe teatral, CONDEPACC).

O teatro voltou a apresentar problemas em 1990, registrando-se nos anos seguintes momentos alternados de abertura e fechamento do espaço. Em 1997, com o risco de demolição do edifício pelo prefeito Francisco Amaral, a classe teatral reagiu e solicitou ao CONDEPACC seu tombamento justificando que: “Por alguns anos o ‘Castro Mendes’ foi o único Teatro de Campinas e cumpriu sua função recebendo elogios de todas as companhias que por ele passaram. Com a inauguração do Centro de Convivência Cultural manteve seu status de grande teatro, dono de um público cativo, até a malfadada reforma iniciada em 1991”. Diziam ainda em ofício que: “Embora a insensibilidade do Poder Público, nesses seis anos, no trato desta reforma, é preciso ressaltar a importância do espaço para a comunidade campineira. Essa importância é demonstrada não só pela mobilização da Classe Teatral (Amadores, Estudantes e Profissionais) ou através da Imprensa (…) mas também através de cartas dos leitores, onde as opiniões populares em defesa deste patrimônio cultural são externadas constantemente” (Oficio da classe teatral, CONDEPACC)

O pedido de tombamento afastou os riscos de demolição e reforçou a importância dos estudos preliminares de reforma levados pelo CPC (antigo nome do CSPC) que, na ocasião aguardavam análises do IPT (estrutural) e da SOS (elétrica e hidráulica). O ano de 1997, enfim, deu início às novas obras que previam uma intervenção mais profunda e a reinauguração do Teatro se daria em dezembro de 1997.

Passados sete anos, em 2004, o teatro foi, enfim, tombado pelo CONDEPACC, registrando-se em 2005 obras de manutenção levadas por um grupo de usuários do teatro com o apoio da Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer e, em 2006, a instalação de um sistema de monitoramento com câmeras de segurança eletrônica.

Mas, em 2007, o teatro sofria nova interdição; tratava-se agora de promover uma reforma de maior proporção. Iniciadas em 2007, estas reformas só chegaram ao final em 2012 contando então com o arquiteto Otto Felix que reformulou a fachada inserindo-lhe uma janela em formato trapezoidal (voltada para o foyer do teatro), além de intervir no anexo administrativo.

Ficha técnica do patrimônio

  • Bem/Edificação: Teatro Municipal José de Castro Mendes
  • Localização: Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial, CEP 13035-320
  • Utiulização Original: Teatro
  • Tipologia:
  • Área Bruta:
  • Arquiteto Responsável: Arquiteto Geraldo Jurgensen (projeto de adaptação original) e Engenheiro Dermival Siqueira (supervisão das reformas de 1970 e 1974); arquiteto Otto Felix (reforma de 2008/2012)
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