IAB Campinas

Prefeitura Municipal de Campinas

O Paço Municipal de Campinas, denominado “Palácio dos Jequitibás” (1969), foi construído entre os anos de 1966 e 1968 em terreno outrora pertencente à Santa Casa de Misericórdia de Campinas. Seu projeto, escolhido por concurso organizado pelo IAB-SP em 1957, foi elaborado pelos arquitetos Rubens Carneiro Viana e Ricardo Sievers, também autores do projeto da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (1961), entre inúmeras outras obras nacionais e internacionais.

Fruto de uma opção pela arquitetura moderna, o Paço Municipal foi inaugurado na segunda gestão do prefeito Ruy Novaes (1964-1968); período no qual: “A conclusão do Centro Cívico, as finalizações dos alargamentos das Avenidas Francisco Glicério, Moraes Sales e da rua José Paulino e a inauguração do Paço Municipal concluíram as reformas pretendidas e contempladas no Plano de Melhoramentos Urbanos de Campinas para a área central” (DEZAN)

O edifício é dotado de um único corpo horizontal com dois pavimentos, contando com  pórtico de entrada, com o Poder Legislativo de um lado (1968/2005) e com um Centro Comunal do outro. O Poder Executivo foi instalado numa torre vertical de 19 pavimentos. A construção conta com pilotis com pé direito duplo para segurar a laje de transição, revestimento de mármore em todo o prédio horizontal e utilização de brises metálicos no externo da torre para proteção solar.

No período em que Ruy Novaes assumiu a Prefeitura e intensificou a implantação do Plano de Melhoramentos Urbanos (1956 e 1959), o processo de verticalização na área central de Campinas já se encontrava consolidado. A região contava, então, com um número significativo de edifícios comerciais e residenciais, valendo observar que a construção do Edifício Itatiaia demarcara uma mudança ao oferecer à famílias de alto poder aquisitiva apartamentos modernos com dimensões e programas compatíveis. Da mesma forma edifícios como o Catedral que, em prosseguimento à Galeria Trabulsi (1948) deu lugar à construções de uso misto, e que se revelavam capazes de reunir num mesmo espaço, atividades de comércio, moradia e serviços. O desenvolvimento e diversificação dos edifícios, dotados de estruturas mais racionais, não se fez acompanhar, entretanto, pela adoção de uma arquitetura moderna, prevalecendo na cidade de Campinas neste período, obras com de característica Protomodernas.

Na ocasião, então, em que a prefeitura se prepara para edificar o seu novo paço municipal e em que contrata o IAB-SP para organizar e realiza o concurso de projetos, Campinas vive, de fato, o “período de maior intensidade na verticalização da área central”; verticalização esta, que em boa parte se faz motivada pela “intensificação das reformas urbanas impostas pelo prefeito Ruy Novaes”. E neste caso, no mesmo período em que acontece o concurso, a cidade ganha novas construções residenciais e de uso misto.

Passados alguns anos, no momento em que o Palácio dos Jequitibás começa a ser erguido, as ações e reformas urbanísticas do Plano de Melhoramentos já se acham firmadas na área central; as atividades de comércio, serviços, moradia respondem à dinâmicas intensas, enquanto as edificações passam a responder a outras necessidades de investimento, migrando para outras regiões da cidade. Segundo LEME: “É nas zonas adjacentes ao centro e no período de 1960 a 1965 que vemos a arquitetura moderna se apresentar de forma completa: térreo contínuo, resultado do nivelamento do prédio com o passeio público (graças à ausência do subsolo), afastamento dos limites do terreno e a presença dos cinco pontos da arquitetura – janela corrida, estrutura independente, pilotis, planta e jardim na cobertura”.

O Palácio dos Jequitibás, na condição de uma obra da arquitetura moderna erguida no coração da cidade de Campinas se firma como ícone de uma cidade que se desenvolve.

Ficha técnica do patrimônio

  • Bem/Edificação: Prefeitura Municipal de Campinas
  • Localização: Avenida Anchieta, 343 - Centro, Campinas - SP, 13015-100
  • Utiulização Original: Paço Municipal
  • Tipologia: Arquitetura Moderna
  • Área Bruta: 29.000 m²
  • Arquiteto Responsável: Projeto de Rubens Gouveia Carneiro Viana e Ricardo Sievers
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