Esta obra “grandiosa para os recursos desta terra naquela época” contou com doações em sua maior parte, modestas, e que chegavam na forma de “..materiais de construção, como sejam tijolos, cal, areia, pedras, telhas, vigotas, tábuas, etc.. além de pessoal operário e veículos para o serviço de transporte”. Por esta mesma razão, o processo construtivo enfrentou um risco permanente de parar, e foi o forte envolvimento de pessoas das mais diversas categorias sociais o que possibilitou que a edificação chegasse ao final.
A planta da Santa Casa de Misericórdia foi produzida pelo Frei Eugênio de Rumilly, um sábio capuchinho que desde a década de 1860 ocupava o lugar de Reitor do Seminário Eclesiástico de São Paulo (criado pouco antes pelo Bispo de São Paulo para organizar/aprimorar a formação do clero paulista), instituição em que Padre Vieira realiza a sua formação. A planta original sofreria uma alteração no meio das obras para abrigar a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, edifício oferecido (em doação) por uma única pessoa: José Bonifácio de Campos Ferraz. Nas suas proximidades, Frei Eugênio de Rumilly definiria também a área destinada às irmãs religiosas (encarregadas do hospital), além de determinar a instalação das enfermarias à direita e o futuro Asilo de Órfãs à esquerda.
O edifício do hospital recebeu paredes de pedra que começaram a ser erguidas em 1871; em 1872, parte do edifício foi coberto de telhas e em 1875, com a conclusão de outro grande lance, completou-se o edifício. A capela, erguida em taipa de pilão, recebeu galerias laterais sustentadas por colunas de madeira e teto em abóboda e altar mór em mármore. A beleza desta capela transformou no “.. templo religioso que mais encantava os fieis da cidade..” até a inauguração da Matriz Nova (Catedral) em 1883. O templo também recebeu em 1907 as telas laterais de Concilis e as esculturas em mármore de Santa Izabel, de São Vicente de Paulo e de Nossa Senhora da Boa Morte em redoma de vidro.
O edifício que se destinava à educação de meninas desvalidas ainda não se achava concluído na ocasião da inauguração da Santa Casa. De fato, foi em 1889 que a organização de uma quermesse em benefício do Asilo de Órfãs no Jardim Público auxiliou na conclusão dos trabalhos, inaugurando-se no ano seguinte como internato para amparar as crianças órfãs de Campinas que se achavam mais numerosas em razão da epidemia de febre amarela.