
Diogénes Rebouças – Cidade, Arquitetura e Patrimônio
Leia o artigo publicado no Jornal Correio em 07 de agosto de 2015, de autoria do Arquiteto Nivaldo Vieira de Andrade Jr, do IAB Bahia.
O artigo original pode ser lido <clicando aqui>.
Muitos soteropolitanos nunca ouviram falar em Diógenes Rebouças, embora passem diariamente por espaços concebidos por ele ou frequentem edifícios que foram projetados por sua imaginação fértil. Arquiteto, urbanista, professor e pintor, Rebouças foi interlocutor privilegiado de políticos, empresários e intelectuais como Otávio Mangabeira, Anísio Teixeira, Rômulo Almeida, Norberto Odebrecht, Odorico Tavares, Godofredo Filho e Lina Bo Bardi, dentre muitos outros. Embora nascido em Amargosa, Rebouças conhecia como poucos o acidentado relevo da capital baiana e sabia como ninguém tirar partido da topografia para produzir edifícios e espaços urbanos magnificamente implantados, gerando vistas excepcionais, como as que se tem a partir das residências construídas no loteamento Morro Ipiranga ou quando se desce a Avenida Contorno – ambos projetos urbanísticos de sua autoria.
Na década de 1940, foi, junto com Mário Leal Ferreira, o responsável por uma verdadeira revolução na capital baiana, através da elaboração do primeiro plano de urbanismo moderno de Salvador. O Plano do EPUCS propôs a criação de uma rede de avenidas arborizadas nos vales dos rios urbanos, das quais a Avenida Centenário foi a primeira e a mais perfeita tradução. Além disso, dotou a cidade de equipamentos urbanos indispensáveis, como o Hotel da Bahia, a Penitenciária Lemos de Brito e o Teatro Castro Alves, o único destes equipamentos cujo projeto não foi elaborado diretamente por Rebouças.
A parceria com Anísio Teixeira, quando este ocupou a Secretaria de Educação do estado, no governo Mangabeira (1947-51), resultou na obra mais impactante de Rebouças: a Escola Parque (Centro Educacional Carneiro Ribeiro). O projeto pedagógico anisiano, de formação em tempo integral, gratuita e humanista, foi interpretado por Rebouças em um conjunto de belíssimos pavilhões em concreto que ainda hoje impressionam os que o visitam e servem de referência para os mais avançados projetos educacionais do país, como os Centros Educacionais Unificados (CEU), construídos na capital paulista a partir de 2001.
Para apresentar a obra de Rebouças às novas gerações e relembrar sua contribuição para a modernização arquitetônica e urbanística de Salvador e de outras cidades brasileiras, como Jequié, Itaparica, Paulo Afonso, Aracaju e Maceió, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-BA) e a Faculdade de Arquitetura da Ufba estão promovendo a exposição Diógenes Rebouças: Cidade Arquitetura Patrimônio, no foyer do Teatro Castro Alves, de 13 de agosto a 8 de setembro, de terça a domingo, das 12h às 18h. Através de 39 painéis com reproduções de fotos e plantas originais e de 16 maquetes elaboradas especialmente para essa exposição, os visitantes poderão conhecer, gratuitamente, a vasta produção de Rebouças em seus 60 anos de atuação profissional.
Aproveitem!