Manifesto do IAB Campinas ao Jornal Correio Popular
REFERENTE: MATÉRIA DE CAPA SOBRE ARQUITETURA DA EDIÇÃO DE DOMINGO 21/07/2013
DESTINATÁRIO: Jornal Correio Popular – CAMPINAS
EMITENTES:
Arquiteto Alan Cury – Presidente do Núcleo Regional Campinas do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e associados;
Arquiteto João Verde – Presidente da AREA Campinas (Associação Regional de Escritórios de Arquitetura de Campinas) e associados;
Arquiteta Débora Frazatto – Conselheira do CAU SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).
Prezados senhores editores do Jornal Correio Popular – Campinas
[spacer size=”10″]Prezada jornalista Cecília Polycarpo
[spacer size=”10″]Em face da matéria de capa veiculada por esse jornal no domingo 21 de julho do corrente ano, sentimo-nos na obrigação de advertir e também orientar quanto as competências e habilitações do profissional Arquiteto e Urbanista, pois nos deparamos com a manchete de capa num dia de maior circulação do Jornal Correio Popular, que se constitui como um forte instrumento de divulgação e formador de opinião.
[spacer size=”10″]A citada matéria defende o exercício ilegal da profissão do Arquiteto, estimula a construção sem projeto, defende às mudanças durante o processo de construção, além de valorizar a cópia e falsificação de elementos clássicos da história da humanidade e da Arquitetura.
[spacer size=”10″] O conteúdo da notícia em questão enaltece a errônea decisão de um proprietário de promover varias alterações na execução do projeto durante a obra como se esta mesma decisão pudesse ser, de alguma forma, inteligente. Tantas alterações no canteiro de obra refletem justamente a falta de projeto (que novamente é erroneamente enaltecida e estimulada) e falta de conceito e linha de raciocínio fortes, ocasionando perda de matéria prima, de trabalho, aumento de volume de entulho gerado, extensão do cronograma de obra entre outras, que vão totalmente contra à economia e ao desenvolvimento sustentável tão amplamente discutido atualmente. [spacer size=”10″] Sabe-se que o processo de aprovação junto às prefeituras e em particular na Prefeitura Municipal de Valinhos pode ser, em muitas vezes, um caminho árduo e moroso, com regras e protocolos a serem cumpridos até a liberação do alvará de execução o que nos leva a pensar se estas constantes alterações estão realmente seguindo o que foi analisado, aprovado e liberado pela mesma. [spacer size=”10″] Sabemos que essa delonga no processo de aprovação de projetos não é, em muitas ocasiões, compreendida pelos proprietários que forçam o início das obras sem as devidas aprovações. Por serem os detentores dos recursos financeiros muitas vezes se acham no direito de estar acima da lei e é justamente isto que deve ser combatido, esclarecido e negado pelos profissionais responsáveis. [spacer size=”10″] Identifica-se assim um grande despreparo, desconhecimento e beira a irresponsabilidade, na vinculação desta matéria específica. Fica claro que a mesma deveria ter o intuito crítico e não enaltecedor sobre a atuação irresponsável e até ilegal na decisão sobre o projeto. No futuro, recomendamos ao jornal uma pesquisa sobre o assunto antes de redigir a matéria, e que tal pesquisa seja feita junto a entidades de representação de profissionais de notório saber no tocante à Arquitetura e Urbanismo, evitando assim outra infeliz ocorrência que possa vir a denegrir e desvalorizar, mesmo que não intencionalmente, uma profissão de tanto valor e importância para ordenação do espaço construído, para desenvolvimento da cidade e da sociedade como a Arquitetura e Urbanismo. [spacer size=”10″] É com grande surpresa que nos deparamos com esta reportagem que valoriza e apóia o exercício ilegal da profissão do Arquiteto. [spacer size=”10″]O universo da Arquitetura é amplo e sua formação extremamente complexa e requer muito estudo, através de inúmeros conteúdos e disciplinas tais como projeto arquitetônico, planejamento urbano, paisagismo, história da arquitetura, construção civil, estética, desenho, história da arte entre muitas outras, onde para a conclusão do curso é necessário um trabalho final de graduação interdisciplinar e estágio de pelo menos 300 horas de atividades correlatas à profissão. Sendo assim, não existe a possibilidade de aceitar que tal profissão seja tratada de forma tão banalizada como o foi nesta matéria, onde afirma-se que o proprietário e empresário “..bola as idéias na cabeça dele e passa as instruções para o engenheiro” ou “..consegue artistas que compram as idéias.”, quando a instrução deveria vir do profissional que gerencia a obra e não do proprietário, mostrando novamente uma inversão de papéis e valores, extremamente inadequada, caso o proprietário não seja detentor da técnica e nem da expertise necessária de forma comprovada.
[spacer size=”10″] Através do empenho conjunto de todos os Arquitetos atualmente fiscalizados pelo CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – e representado por entidades de classe, como a AREA – Associação Regional dos Escritórios de Arquitetura de Campinas – e o IAB Campinas – Instituto dos Arquitetos do Brasil – Núcleo Regional Campinas, estaremos sempre atentos e empenhados na defesa da produção da Arquitetura e do Urbanismo de qualidade, feita por Arquitetos e Urbanistas devidamente formados e capacitados, e principalmente na defesa da sociedade, denunciando o exercício ilegal da profissão e a atuação de leigos no exercício de trabalhos técnicos protegidos por legislação específica. [spacer size=”10″] Deve ficar claro que este manifesto tem por objetivo ampliar as discussões pertinentes à Arquitetura e Urbanismo, para que toda a população possa ser informada e esclarecida, sobre os benefícios trazidos por projetos arquitetônicos bem elaborados, e o que toda a sociedade terá de benefício e melhora na qualidade de vida com o planejamento urbano sério em nossas cidades. [spacer size=”10″] Neste momento fortalecemos o convite a pactuar uma ação ética de divulgação do exercício profissional e a valorização de profissionais legalmente habilitados à sua função e nos colocamos à disposição para contribuir com nosso conhecimento e experiência em todas as oportunidades que se apresentem. [spacer size=”10″] Campinas, 23 de julho de 2013. [spacer size=”20″]