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14
maio

Oito imóveis são tombados pelo Condepacc

O Bairro da Vila Industrial em Campinas teve mais 8 imóveis tombados pelo Condepacc. O processo de tombamento foi elaborado pela Arquiteta  Laci de Carvalho Alvite que também é a autora de outro excelente projeto sobre a  A AGRO-INDÚSTRIA EM CAMPINAS: um estudo de caso – o CURTUME CANTUSIO que também fica na Vila Industrial em Campinas.

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Acompanhe a seguir a matéria de MARIA TERESA COSTA (teresa@rac.com.br) publicada no Jornal Correio Popular no dia 14 de Maio de 2013.

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O Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) tombou um conjunto de oito casas construídas no início da década de 1920 na Rua Alferes Raimundo, na Vila Industrial.

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Elas são o último conjunto de imóveis da vila a ganhar o status de patrimônio cultural pelo conselho. Com elas, o conselho fecha uma relação de casas que representam várias fases da história da formação da Vila Industrial. O restante da vila será liberada para modificações ou demolições, informou a historiadora Daisy Ribeiro, da Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC), o braço técnico do Condepacc.

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Além das casas da Rua Alferes Raimundo, são parte da preservação da história local 15 casas da Rua Venda Grande e 18 da Rua Francisco Theodoro, além das vilas operárias Manoel Freire e Manoel Dias. Todas são do começo da década de 1920, mas com diferenças importantes.

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As casinhas da Venda Grande e da Francisco Theodoro foram construídas pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro para funcionários ao longo de suas linhas e principais entroncamentos. Elas são parte de um conjunto de 1.612 casas da Paulista, que mais construiu residências mesclando madeira e tijolo, solução apropriada para a época em que a empresa se desenvolveu.

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Casas da Rua Alferes Raimundo, último conjunto de imóveis da Vila Industrial a ganhar o status de patrimônio cultural da cidade

Casas da Rua Alferes Raimundo, último conjunto de imóveis da Vila Industrial a ganhar o status de patrimônio cultural da cidade. foto Leandro Ferreira/AAN

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Já as casas da Alferes Raimundo e as vilas Manoel Freire e Manoel Dias foram construídas por empresários da época para alugar aos funcionários das ferrovias, mas seguiram basicamente o mesmo estilo das casas da Paulista.

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Segundo a arquiteta Laci Alvite, que elaborou o processo de tombamento das casas, uma das características comuns a essas residências da Vila Industrial, e que era o modo de construir da época, era o telhado único para um conjunto de casas, pois, sendo geminadas de ambos os lados, se cada uma tivesse seu próprio telhado, a água da chuva de um cairia abruptamente sobre o telhado da outra estragando.

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Em função disso, e também por ser uma rua em declive acentuado, os telhados eram construídos para cobrir três ou quatro casas conjugadas que, por força disso, tinham de ser da mesma altura e isso já determinava um padrão de altura comum a elas.

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Foi realizado um levantamento do Centro Histórico, com mapas, protocolos, plantas e, com isso, foi possível cadastrar cerca de 6,7 mil registros de pedidos de reforma, ampliações, construções de imóveis entre 1892 e 1945.

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A partir desse inventário, o Condepacc passou a avaliar os imóveis para definir os que deveriam ser preservados. São imóveis que testemunham
um período em que o espaço geográfico campineiro foi transformado pela crescente urbanização consolidada pelo processo de industrialização.
Desse mecanismo surgiu um novo padrão urbanístico.

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A partir de 1925, a área urbana começou a ser alargada, duplicando suas dimensões em alguns anos, com o retalhamento das chácaras periféricas e de antigas e improdutivas fazendas de café, devido, principalmente, à demanda por habitação.

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Atualmente, a área é denominada de “Vila Industrial”, porém, chegou a ter outras duas citações anteriores como “Campo de Sant’Anna” e “Immigração”.

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Durante os estudos, foram percebidas as modificações espaciais ocorridas, com loteamentos sem planejamentos, moradias peculiares, poucos
proprietários com vários imóveis, entre outras mazelas.

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A Vila Industrial surgiu como um bairro proletário no final do século 19, diretamente associada à instalação das Companhias de Estrada de Ferro Paulista (1872)Mogiana (1874).

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Localizada em uma área ocupada originalmente por um conjunto de cemitérios ao lado dos trilhos, a vila marcou o surgimento do primeiro bairro de trabalhadores da cidade.

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Nas origens da ocupação, instalaram-se prédios da imigração (entre as atuais ruas Sales de Oliveira e Pereira Lima) e que seriam utilizados pela companhia Mac Hardy e posteriormente pela Companhia Mogiana, além da construção de vários conjuntos de casas para os funcionários da “Paulista”.

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No final do século 19, a região passou também a receber outras instituições como o Matadouro Municipal, a Companhia Curtidora Campineira de Calçados (1890), o Cortume Campineiro, o Lazareto dos Morféticos, o Lazareto dos Variolosos e a Indústria Fabril, de propriedade de Antônio Corrêa de Lemos, e no início do século 20, o Cortume Cantúsio (1911), o túnel de ligação entre a Vila Industrial e o Centro (1915), além da transformação de vários edifícios em oficinas da Mogiana.

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Datam das duas primeiras décadas do século 20, ainda, a construção (pela iniciativa privada) das travessas Manoel Dias (1908)Travessa Manoel Freire (1918) para venda aos ferroviários da Mogiana. O bairro evoluiu no sentido Leste-Oeste e seguiu o traçado urbano (em forma de tabuleiro de xadrez) utilizado na cidade de Campinas desde sua origem.

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